sábado, 30 de janeiro de 2010

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Do portanto ao naturalmente

Há uns anos a muleta preferida na linguagem dos portugueses era o portanto, bela e assertiva preposição. Dava força à linguagem militante e era, em si própria, conclusiva, portanto, apontava o caminho. Mesmo nos discursos inconclusivos ela concluía, imperial. Hoje, naturalmente, as coisas mudaram. Surgiu naturalmente, o naturalmente. Advérbio inter-classista, ele é emitido, naturalmente, por políticos, deputados, taxistas, politólogos, comentadores vários, treinadores, electricistas, novos ricos, entre outros. Culturalmente é importante esta identificação à volta de um advérbio tipo selecção nacional e podemos dizer que, naturalmente, é mais importante aquilo que nos une do que aquilo que nos divide. Além do mais na sua raiz está o substantivo natural, substantivo naturalmente ecológico e, por enquanto, sustentável. Direi que naturalmente é o avatar dos advérbios, portanto, um advérbio verde, com preocupações ambientais, pleno de potencialidades e de futuro. Longa vida, portanto, ao naturalmente.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Maré alta


Paliçada pós-tsunami na costa do Coromandel, Índia.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Futurologia

A eleição de Manuel Alegre como presidente da República, fecha um ciclo político em Portugal. Assim, a partir de 2015, mas já perceptível hoje, vamos ser um país totalmente previsível. Quarenta anos depois do 25 de Abril já não se poderá falar de jovem democracia portuguesa. Aos quarenta anos as mulheres e os homens estarão, eventualmente, aptos a tomarem decisões importantes. Aos quarenta anos a democracia portuguesa estará carente de valores, de ideais, de gente superior. Políticos de qualidade mediana sem visão nem rasgo, funcionários exemplares que terão sido estudantes igualmente exemplares, aplicados, devotados ao partido e à progressão na carreira, ocuparão o espaço botox e siliconado dos vários areópagos onde se ouvirão discursos tecnocráticos e debotados. A ruga precoce dará credibilidade a ideias ocas. A política vai perder élan e a citação de algumas frases revolucionárias será mera história antiga.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Apocalypse now

Do Haiti apenas conheço histórias verdadeiramente cruéis de Ton Ton Makutes, a cara da criança crioula de cabelo amarelo olhos da cor da esperança do mar das Caraíbas, o riso franco à volta da comida e o cheiro da dança. São memórias antigas de estrangeirados que fizeram un bout de chemin ensemble. Hoje, já não consigo ver as imagens dos vários aprendizes de CNN. Vai ser mais uma narrativa audiovisual da catástrofe: as tentativas para salvar os soterrados em close-up; as entrevistas com as várias organizações de ajuda humanitária; a reportagem “em exclusivo” do trabalho das organizações; uma qualquer raridade de alguém que, ao fim de 10 dias, felizmente se salvou; os vários planos dos olhos inesquecíveis de quem falou com a morte. Mas, pergunto-me, como será abraçar um haitiano e dizer-lhe meu irmão a tua é a minha dor, toma as minhas lágrimas e mata com elas a tua sede.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

A ferida democrática

O jornal Público informa que o porta-voz da Conferência Episcopal considera que a aprovação da legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo pelo Governo e pelo Parlamento foi uma precipitação e que a ausência de um referendo sobre a matéria abre "uma ferida democrática".
Senhores bispos ponderem e aprofundem o tempo que precisarem sobre a pedofilia nas vossas fileiras mas não se metam em assuntos ímpios e mundanos. Essa da ferida democrática não lembraria nem a Pio XII.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Kumba Mela


Decorre este ano uma das maiores manifestações do homem neste planeta, a Kumba Mela. Astrologicamente este evento ocorre de doze em doze anos quando o planeta Júpiter entra em Aquário e o Sol em Carneiro.
Segundo os hindus é uma peregrinação para a purificação. Este ano Haridwar, uma das cidades sagradas da Índia, é o centro do acontecimento. Aí vão confluir as águas do rio Ganges e milhões de peregrinos e de ascetas. É um acontecimento verdadeiramente extraordinário e profundamente humano. Mais informação aqui.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Sobre a verticalidade

"Os bravos aguentam a pé firme, as árvores aprendem com eles a erguer-se".
Abu-F-Fazl in Akbar Námá