sábado, 27 de fevereiro de 2010

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Desemprego

Recebi um documento dos CTT para ir desalfandegar uma encomenda da Índia: 3 pequenos livros. Lá fui a Cabo Ruivo, dirigi-me ao balcão e a funcionária diz-me para recolher as senhas B e C. Assim fiz e encaminhou-me para outro balcão para entregar a senha C e o documento que trazia comigo com o custo dos livros. Verificação, agrafe, carimbo e indica-me o balcão onde tinha estado anteriormente. Entreguei então a senha B, nova verificação mais carimbo e pede-me para recolher a senha A enquanto chama um funcionário para procurar a minha encomenda. Espero no guichet da senha A, vem uma outra funcionária que me pede o BI e que escreva, em letra legível, o meu nome — assinatura não, o nome bem legível! Ok digo eu e assim faço. Mais um carimbo, toca uma campainha e diz-me para me dirigir ao guichet do lado. Lá vem vindo outro funcionário do fundo do armazém, verifica o meu papel e entrega-me, finalmente a minha encomenda. Devo dizer que me recuso a acreditar em estatísticas. Não há desemprego em Portugal.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Bombay 2

" India was always a collection of communal and cultural identities; our hope lies in the strengthening of them, not in their dilution into some imagined 'Indianness'. If I know who I am, I'm going to be confident enough, secure enough, not to fear and hate those who I'm not. It's only when my self-definition is in question that I'm going to be anxious, to seek to establish the bounderies between Self and the Other, to riot and to burn."
Fragmento de entrevista a Suketu Metha autor de Maximum city: Bombay lost and found, recolhida por Shoma Chaudhury editora da revista Tehelka.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Bombay 1

"If you are late for work in the morning in Bombay, and you reach the station just as the train is leaving the platform, you can run up to the packed compartments and you will find many hands stretching out to grab you on board, unfolding outwards from bodies like petals from a flower. As you run alongside the train, you will be picked up and some tiny space will be made for your feet on the edge of the compartment. The rest is up to you; you will probably have to hang on with your fingertips on the door frame, being careful not to lean out too far lest you get decapitated by a pole placed too close to the tracks.
But consider what has happened: Your fellow passengers, already packed tighter than cattle are legally allowed to be, their shirts already drenched in sweat in the badly ventilated compartment, standing like this for an hour, retain an empathy for you, know that your boss might yell at you or cut your pay if you miss the train, and will manufacture space where none exists to take one more person with them. And at the moment of contact, they do not know if the hand that is reaching for theirs belongs to a Hindu or a Muslim or Christian or Brahmin or untouchable, or whether you live in Malabar Hill or New York or Jogeshwari. You're trying to get to work in the city of gold, and that's enough. Come on board they say. We'll adjust"
Fragmento de entrevista a Suketu Metha autor de Maximum city: Bombay lost and found, recolhida por Shoma Chaudhury editora da revista Tehelka.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Claustrofobia democrática asfixiante

Estou aqui mesmo preocupado com a liberdade de expressão! Coitadita da Manuela Leite que a esta hora estará quase asfixiada, sendo salva, in extremis, pelo profundo conhecimento de primeiros socorros de Paulo Rangel; conhecimento adquirido durante o 25 de Abril o que lhe permitiu salvar várias pessoas de morrerem asfixiadas em demasiada liberdade. Tenho também muita pena de Felícia Cabrita, Manuela Moura Guedes entre outros exemplares jornalistas, estiolando ao Sol, a voz seca de tanto gritar pela liberdade de expressão, o corpo já infestado de vermes torturadores e repressivos. A pena, seca de tanta perseguição, molhada no próprio sangue para construir a notícia livre e imparcial. Eu próprio estou com receio de publicar este post, não vá o tenebroso controlador português, mandar-me prender no minuto seguinte. Apesar de tudo acho que vou arriscar, é apenas um blogue!

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Presidenciais

“Mas há sempre uma candeia dentro da própria desgraça, há sempre alguém que semeia trovas no vento que passa”. Este verso de Manuel Alegre poderia servir muito bem para mote da candidatura de Fernando Nobre à presidência da República. Como poderia servir de mote a mais uma campanha de solidariedade na resolução de mais uma qualquer catástrofe onde o médico Fernando Nobre desempenha, sempre, um papel crucial. Há quem diga que esta candidatura de Fernando Nobre é uma acção velada da eminência parda Mário Soares. Sabendo-se como funciona a cabeça de Mário Soares, é plausível que possa ser assim. O PS fica, deste modo, aliviadíssimo por não ter que apresentar uma candidatura Leliana ou Caniana, apoiando objectivamente a  reeleição de Cavaco Silva. Mas a “aparição” de Fernando Nobre nesta cena politica introduz novos dados. Sabemos que é uma personalidade impoluta, leal às causas do Homem, solidário, combativo. Mal acomparado, é como os jogadores de futebol que concorrem às câmaras municipais. O mediatismo do chuto na bola ilude-os e fá-los crer habilitados a desempenhar cargos públicos. Claro que Fernando Nobre não é o CR9 mas o campo da política não é um campo de refugiados e receio que iremos trocar um Homem Bom por um político medíocre. Ficarão alegres Soares e Cavaco.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Avatar sem final feliz

Nas florestas indianas de Orissa, bem longe de Hollywood, os Dongria Kondh, lutam para preservar o seu espaço sagrado e vital.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Morte de uma língua velha de 70 000 anos

Com a morte do último falante de Bo uma língua das Ilhas Andaman, Índia, desaparece igualmente esta língua velha de 70 000 anos. É a confirmação do relatório da Unesco que alerta para o risco de desaparecimento de 2500 línguas.

Exercício corporal

"Há aqui uma história de mãos. Trata-se dos terríveis trabalhadores rimbaldianos que trabalham o pesadelo. Têm o primeiro dia da sua criação, e nele colocam uma negra rosa de ferro. Têm o segundo dia, e há a explosão de um minério obscuro, ainda que ardente. No terceiro dia da sua tenebrosa tarefa, eles levantam do abismo um peixe desaforado. E no quarto dia, no quinto, e no sexto dia da sua atormentada criação, vão martelando com uma paciência cruel as demoníacas máquinas do sonho. E no sétimo dia eles contemplam a sua obra, e não sentem contentamento. O sétimo dia está cheio, desde o fundo, daquele feroz martelar, que é o martelar do coração sombrio onde o sangue é violento. Sai-lhes das mãos uma geometria difícil que não dá paz. E então, porque o tempo de expor o exemplo inquietante não se pode esgotar, os horríveis trabalhadores inventam o oitavo dia, que é como a eternidade. O espírito de Deus não se move sobre as águas. Este oitavo dia da criação é um espaço ilimitado de trevas onde um pássaro voraz abre as asas inesgotáveis. E então a gente sabe que a alegria e a beleza são coisas dolorosas."
Herberto Helder, exercício corporal I in Poesia Toda

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Com tensão

Senhor Governador do Banco de Portugal dê o exemplo das fortes medidas de contenção que apregoa e institua-se a si próprio e aos seus pares, um pequeno imposto indirecto que consistiria, por exemplo, num corte anual dos vossos salários em 30%. Sabemos que não é isso que vai reduzir o défice mas seria um pequeno exemplo de moral e de higiene política. Além do mais os salários dos altos quadros do Banco de Portugal ficariam mais equiparados aos dos congéneres mundiais.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010