segunda-feira, 9 de março de 2009

Nigam

Nigam nasceu em Banares depois dos seus pais
terem mergulhado no poço de Tulsi, “trocado de pele”,
atirado a infertilidade Ganga abaixo na direcção do mar.
Nigam devia ter sido chamada mulher da água.
Quando fecha os olhos castanhos, Nigam revê o poço do rio,
a água dentro da água, o silêncio.
Por isso Nigam prefere não dormir.
Quando a cidade descansa, passeia pelas ruas
com dois ou três cães por companhia. Acorda os macacos
com assobios silenciosos, descobre tudo
o que há para descobrir nas ruas de Kaxi, sabe de cor
o que dizem os cartazes de cinema, quando vai chover,
trepa às árvores para acariciar os macacos tontos de sono,
informa os ratos do próximo carregamento de farinha,
induz sonhos maravilhosos aos riquexós-wallas
que descansam em sobressalto pelo dia que se avizinha
e que ficam a sorrir dormindo, depois dela passar.
Se lhe perguntam: - Nigam onde mora o Dr. Kumar, responde:
-É fácil...passando a árvore Banian em Kachauri Gali,
volta-se para Norte depois das três cabras, caminha-se
tanto tempo quanto a formiga acarta o grão de trigo
para casa...depois há três pedras muito lisas e um ninho
de vespas...é aí.
Recebe a manhã com os pés na água;
o sol entra dentro dela e
a claridade repousa-a da noite atarefada.

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