quinta-feira, 25 de março de 2010

Babel

Acabo de chegar da sarkolândia onde os teclados são “azert”, mais ou menos a mesma filosofia que as medidas inglesas. Escrever em “azert”, mal sabem os franceses, aproxima-nos do Acordo Ortográfico Luso Brasileiro ou melhor, leva-nos a escrever bastantes brasileirices porque não encontramos quer os acentos, quer as letras no sítio. Por isso optei por esperar até alcançar um teclado “qwert”, genuinamente português. Não critico os azertianos que dizem à boca pequena — the key board c’est nous — enquanto pronunciam várias onomatopeias divertidas que tornam a escuta num passeio num rio com ondas, ouiiiã! Sarko e a sua maioria levaram uma forte bordoada nas primeira e segunda voltas das eleições regionais que terminaram Domingo passado. Mas para Sarko, qual azert, l’état c’est moi! Já estava com saudades de olhar a fonte cinética de Niki de Saint Phalle cujas águas reflectem a “refinaria” de Beaubourg; de tomar um panaché (aqui ainda não se diz Pinochet) et pour cause, num café próximo da Bastilha; de saborear um kir como aperitivo ouvindo a conversa banal das manhãs ociosas; de me emocionar com a morte de Jean Ferrat que dizia como Aragon que a mulher é o futuro do Homem. Et que sont belles les femmes, mesmo no presente! Paris ainda é uma Babel que nos ilude como se todo o Mundo que ouvimos nas ruas, estivesse em paz e harmonia, houvesse justiça e equilíbrio, ninguém morresse de solidão nos parques onde despontam as primeiras flores da Primavera.

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