sexta-feira, 19 de agosto de 2016

República da Transtuk-tuklândia episódio 3 – o campo de férias de Alfama

Descem às centenas, todas as manhãs, dos becos do pladur. O som dos troleys dá cor à manhã. É o imenso campo de férias de Alfama que se movimenta na busca da torrada com meia de leite ou, da Sagres, que faz arrotar a noite que foi de altos gritos pelas vielas do fado. Abre cedo este campo de férias. Fecha tarde este campo de férias. As esplanadas não respeitam a hora de fecho. Não há a mínima fiscalização. Ao fim da tarde, a polícia municipal, mesmo interpelada directamente, desculpa-se que está ali pelo trânsito e não quer interromper os concertos de USB e voz desafinada, altamente amplificados que ecoam nas janelas. Preocupa-me a próxima campanha eleitoral para a Câmara e para as juntas, nomeadamente para a Junta de Santa Maria Maior. Vão gastar imenso dinheiro fazendo campanha no Airbnb e no Homelidays. Não vai ser barato e tudo terá que ser traduzido em inglês, ainda que das docas ou, do terminal de cruzeiros.

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

República da Transtuk-tuklândia episódio 2

Eh! ...Oh!...Essssa merda...bora...E a camioneta arranca levando o lixo papelão da manhã. Perto, as “gajas” em calção/cueca/loiras fotografam Santo António cada vez menos beato, com tanta carne exposta. Dois pedreiros limpam a calçada com uma máquina excessivamente barulhenta. Retiram o cimento que ficou, por descuido e falta de qualidade das obras anteriores que deixaram o granito branco. Afinal a intenção era uma rua em feldespato! O polícia municipal continua a teclar smartphone, motas aceleram a seco com decibéis acima de qualquer norma, tunnings descem do Castelo anunciando os egos musicais dos carros brancos, o polícia municipal, tecla. Vai-se assim, a tarde, até que chegue guantanamera em concerto para USB, acordeão romeno e sax, flautas típicas de, Coimbra é uma canção, o introvertido dos 7 instrumentos. Alguma calmaria até à meia noite quando são despejados os vidrões e, para fechar a noite, o verdadeiro lixo, arrastado pela calçada, dezenas de metros, acordando toda a gente. Rodas duras em chão duro uma espécie de minimal(maximal) repetitivo sonoro. Será que o vereador do lixo sabe da existência de rodas de borracha no mundo? Assim segue a noite com muita cantiga/álcool debaixo da janela até o despertador do motor frigorífico do camião da carne estacionado perto. Motor para boi ouvir, muitos decibéis acima do suportável. A República da Transtuk-tuklândia caracteriza-se pelo total liberalismo e liberdade de actuação das corporações. Tudo a bem da concorrência saudável. Os moradores que vão morar para lá de Moscavide.