quinta-feira, 30 de junho de 2011

Agora


Agora que os demónios se reergueram e, debaixo dos granitos, lacraus apressados e espectrais carregam a fundura dos preconceitos; agora que regressou a compostura, o direitismo, a atitude recatada e cinzenta, a benzedura opinativa e santificada; agora que nem o capital se sustém a si próprio precisando do financiamento dos pobres; agora que os ministros que foram verdadeiros terroristas verbais se exprimem com a contenção de verdadeiros euro-estadistas; agora que a cultura ficou na mão dos funcionários da cultura, agora, importa não confundir programa “técnico” da troika internacional com a ideologia da nossa troika. PSD, CDS e PR, sempre disseram que queriam ir mais além e vão. Direi que os Gregos vão ver-se portugueses para cumprir o programa de austeridade. Portugal vai ser modelo exemplar e referencial de como enriquecer o défice, pauperizando os pobres e o país. Coelho será abundantemente citado pelo seu amigo Barroso em várias reuniões de alto nível a bordo de elegantes iates gregos em fins de tardes brancas e mediterrânicas. Esta maioria, este Governo e este Presidente estão para ficar. As pedras estão levantadas.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Igrejas

Chateia-me bater em mortos mas não resisto em dar uns safanões ao Louçã. Desenvolve agora o argumento de que se tivesse ido à reunião da Troika a votação teria sido diferente. Apontar este facto como causador do resultado eleitoral do Bloco é mesmo esconder o sol com a peneira. É uma bela maneira de disfarçar a total ausência de uma estratégia adequada à situação política vigente. É ocultar o facto de que a prática política do Bloco foi objectivamente de direita, serviu os interesses da direita. Através de inflamados sermões lá foram Louçã e os seus cientistas sociais, enchendo de vazio o espaço político-social não entendendo nada do mundo nem das gentes. É preciso que alguma coisa mude para que tudo fique na mesma. No Bloco nem isso tal é a consistência e a densidade do dogma. Oremos meus irmãos!

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Recreações

Quem aprende com os erros, nunca se demite senão deixa de aprender e de beneficiar da grande vantagem que é a chamada formação ao longo da vida. Quem nunca se demite não consegue mesmo aprender com os erros porque cega na visão transversal dos problemas e, com o cérebro confuso com a ausência de outras direcções do olhar, inventa pedagogias que, ao longo da vida, acabarão por cristalizar o pensamento. Por outro lado, reconheçamos a total limpidez de alguns cristais mas, igualmente, a sua total e eterna imutabilidade.
Ser imutável e constante é próprio dos políticos com craveira e com princípios bem adquiridos e sólidos, temperados no fragor das lutas ou, talvez, dos políticos estúpidos de vasto e malcheiroso umbigo.
Quem se absteve, na voz do PR, perdeu o direito à palavra, à critica, à manifestação de qualquer desacordo. Passou a ser um cidadão de segunda, um abstinente ... um abstémio encartado. O PR deveria mesmo abster-se de tão anticonstitucional interpretação da constituição. Os cidadãos portugueses perdoar-lhe-iam tal abstenção, não lhe cortariam os direitos políticos, não o condenariam ao degredo, nem sequer lhe sugeririam que se demitisse.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Pepinos

 Gosto da frau Merkl, é a minha senhoria. Temos, eu e uns tantos portugueses, esta casa alugada na Europa. A Europa é um bairro fino e, assim sendo, as rendas são caras. A minha senhoria ficou com diarreia por causa de supostos pepinos espanhóis. Os espanhóis também têm casa alugada na Europa, tão cara como a nossa, mas eles ainda conseguem pagar porque, entre outras coisas, vendem pepinos à frau Merkl. Uma solução para o nosso problema de pagamento da renda no fim do mês seria, vender à frau Merkl tisanas de salgueirinha que parece ser muito bom para os desarranjos provocados, supostamente, pelos pepinos.