segunda-feira, 23 de julho de 2012

Política

Estamos conscientes da ferocidade messiânica de quem nos governa. Estamos conscientes da prevista evolução de Cavaco Silva para Cavaco de Deus Tomás acompanhando, aliás, a evolução do Ministério da Cultura para uma futura Direcção Geral de Serviços Culturais, Eventuais e Afins. Estamos conscientes da paralisia do PS e da mediocridade quer da sua intervenção política quer dos seus actuais dirigentes. Sabemos, mesmo sem consultar os vários oráculos que mediatizam a crise que, há várias velocidades na Europa, há uma Europa de ricos e outra de pobres, uma moeda única não obriga a um pensamento único. Sabemos que só o Ministro da Finanças se surpreende com o desemprego, os desempregados já não. Sabemos isto e muito mais por exemplo que gostaríamos de ser felizes. Vivemos décadas numa ditadura fascista, num país cinzento, pobre, inculto, colonizador, racista, invejoso, pequenino Portugal. As comparações são sempre manipuladoras mas hoje, quando oiço as vítimas dos incêndios, grande parte deles produto de uma política florestal criminosa, não posso deixar de comparar com as declarações das vítimas das cheias em 1967 na Região de Lisboa. É o mesmo povo, as mesmas palavras, a mesma profunda tristeza e total impotência perante “eles”, as entidades abstractas, os que governam, os que não se sabe bem quem são...os que nunca cá vieram! Dizem-nos, que nunca em Portugal, tivemos uma juventude tão escolarizada. E isto significa o quê? É isto um indicador de desenvolvimento humano? É o número de telemóveis um indicador de desenvolvimento humano? Perante a declaração atabalhoada de uma velhinha sem dentes e com dor nos olhos, estas estatísticas desvanecem-se e alertam-nos para que é preciso voltar a colocar a política no posto de comando, no pensamento e na decisão. E voltar a eleger políticos e não funcionários nem que para isso seja preciso andar à porrada. Acho que é mesmo isso que está a faltar.