A União Europeia tem três coisas em comum: o Euro, o verbo e a contabilidade. O Euro é sabido o que é, uma moeda que dizem que é comum, que vale tanto na Alemanha como em Portugal por exemplo. O verbo é ACALMAR. Acalmar os mercados. Todos os comentadores, analistas, economistas, “políticos” de todas as nacionalidades europeias falam em acalmar os mercados. Há poucos anos ainda se falava em dois elementos: o mercado e os consumidores. Hoje, os consumidores são os que pagam para o mercado se acalmar. E por mais que paguem menos se acalma a besta porque o capital, já o sabíamos, é insaciável. A outra coisa em comum da UE são os contabilistas. Os políticos foram sendo substituídos por contabilistas. A epidemia Medina Carreira contamina a Europa e não há vacina. Até o Sílvio uma figura decadente, corrupta, obscena mas, apesar de tudo um homem político, vai ser substituído por alguém que acalme os mercados. Seria intelectualmente interessante e fértil se a política desse lugar à economia mas não, mangas de alpaca tecnológicos com orçamentos lap top, invadem a cidadania, instalam-se na comunicação, dão cabo das nossas vidas, tentando acalmar os mercados. Também não leram os clássicos. É sabido que os contabilistas são gente pouco “lida”, gente Excel, gente que não sabe nada do mundo e da vida, gente que não tem passe social, gente que nem sequer é a elite do país mas habita num limbo Xanax calmante dos mercados. Gente que alimenta a especulação para tentar saciar a alta finança, os bancos, os especuladores. A política acabou estamos no ciclo folha de cálculo, no ciclo do sofrimento a que eufemisticamente chamam crise. Eu, correndo o risco de me voltarem a chamar radical pequeno-burguês, até quero que os mercados se enervem, estoirem de gula, vomitem em estertor bilioso mesmo que, também nós, sejamos obrigados a vomitar as entranhas. Prefiro uma crise aguda e potencialmente fatal que uma prolongada doença crónica com ausência de cuidados paliativos terminais. Procuram-se políticos!