segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Cafreal

 Transar o mercado de Mapussá, comprar caju, talvez cardamomo ou pimenta, canela ou jaca. Cheirar o cânhamo e o camarão do Mar Arábico a saltar para dentro do chacuti. Levar Dodol para comer à noite quando a neblina se instalar sobre o Mandovi. Percorrer Pangin à procura da tia-bisavó no Bairro das Fontaínhas, ouvir uma Avé-Maria em Concanin e reviver a glória bafienta do Império nas conversas dos Noronhas e dos Albuquerques, à mesa de teca com vindalho e cafreal. Beber um Feni e comer uma chamussa antes que chegue o ferry. Em Velha Goa, velhíssimas relíquias de velhíssimos santos, Xavier à cabeça, recordam-nos as barbas dos “ferenguis” que aqui chegaram...alguns ficaram. A talha dourada encurva-se em barrocos asiáticos e os santos, católicos brâmanes, vestem seda. Sentir as drogas e as coisas medicinais da Índia na farmácia Ayurvédica onde estagiou Garcia de Orta. Do alto do forte de Aguada vigiar o mar e o infiel e desenhar, na areia, mantras de despedida.

Sem comentários:

Enviar um comentário