segunda-feira, 25 de julho de 2016

República da Transtuk-tuklândia

 

República da Transtuk-tuklândia, em fase de homologação pela ONU. (Corre o boato que nem Guterres votará a favor da sua constituição, caso seja eleito secretário-geral.
Presidente Medina, vice-rei Salgado, Bobo Miguel Coelho, o Maior.
Na república da Transtuk-tuklândia uma bola de gelado custa 2,20€, mais caro que em Berlim mas com o flavour do Tejo e do novo terminal de cruzeiros. Terminal é a palavra adequada, porque é a fase em que está a entrar a república da Transtuk-tuklândia, ainda antes da sua formação. Na Transtuk-tuklândia os arrumadores desceram ao coração da cidade, arrumadores verdadeiros, daqueles que riscam os carros dos moradores, bandidos mesmo. Diferentes dos arrumadores das avenidas novas da referida república que são apenas heroinómanos. Na Transtuk-tuklândia tudo é gourmet: duas assoalhadas gourmet; dourada de aviário gourmet; pastel de bacalhau com um risco artístico de groselha, gourmet. Santo António benze viaturas, pessoas, imperiais. Na Transtuk-tuklândia há um outro flavour do sagrado, basta ouvir as explicações históricas, em diversas línguas dos tuk-tuk drivers, o verdadeiro motor económico da Transtuk-tuklândia. Na Transtuk-tuklândia os polícias municipais, uma espécie de guarda do Vaticano, melhor, os gordos polícias municipais estão dedicados ao estacionamento. Tudo o resto não lhes interessa minimamente. A multazinha já cá canta diz o PM no seu smartphone à amante, provavelmente lavadeira de roupas frequentadas por holandeses. O PM, com um vistoso colete verde fosforescente, faz vista grossa (uma característica única da Transtuk-tuklândia), a tudo o que não seja o carrito fora do lugar. Na Transtuk-tuklândia já não há moradores: há pessoas que prestam serviços a turistas que, habitualmente, deixam as garrafas das bejekas nas esquinas das ruas. (Que o digam os esforçados trabalhadores da Junta). Na Transtuk-tuklândia já quase não há casas. A urbanização é do tipo Airbnb, chão flutuante, materiais foleiros, recuperações duvidosas, pladur à fartazana. A joint venture Pladur- Transtuk-tuklândia que muito agrada ao Salgado tem a benção do Santo de serviço e dos patos bravos, agora mais mansos. Na Transtuk-tuklândia o fado é que induca e o vinho é que instrói, dizia-se. Esta grande máxima foi finalmente corrigida e agora reza assim: na Transtuk-tuklândia o futebol é que induca e a sangria é que instrói.