quinta-feira, 30 de julho de 2009

Homenagem tardia a R. das Gupta

Jornada a um lugar de passagem, tirtha yatra, é, no hinduísmo, o conceito clássico de peregrinação. Esta noção de tirtha significa ainda, o atravessamento, depois da morte, do rio imaginário Vaitarani que corre entre a terra e o mundo subterrâneo, governado por Yama, o deus da morte.
Ou a barca do inferno e a barca do céu em Gil Vicente e os vários rios que correm para oceanos de transcendência em várias culturas.
O professor das Gupta foi cremado nas margens do Ganges, em Varanasi, a sua cidade, depois de ter abandonado há muitos anos, o Bengaladesh.
Na cidade da luz, das Gupta, hindu, ensinava a arte e os rituais dos Gregos e dos Romanos e uma extraordinária cadeira chamada Arquitectura Indo-Islâmica, com uma paixão nos olhos transparentes igual à luz do Taj Mahal. Ser cremado em Banaras significa, segundo a mitologia hindu, não voltar a renascer, libertar-se deste ciclo infindável de transmigrações e de sucessivas purificações do karma. O karma de das Gupta já era tão puro que mesmo que tivesse sido cremado noutro sítio, iria directamente para o território das almas limpas. Namasté das Gupta ji.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Carta aberta ao Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros

A minha amiga russa, Ana e o seu filho, não me podem vir visitar. Eu estou sedentário dentro da fortaleza Schengen, a minha amiga russa, vive em Auroville na Índia. Estava a viajar pela Turquia e decidiu vir até Portugal. Informei-me no Serviço de Estrangeiros e Fronteiras dos documentos necessários e, tenho pronto para lhe enviar, um Termo de Responsabilidade, apesar da sua assaz confortável conta bancária. O Consulado português de Esmirna não lhe concede o visto com o argumento de que não é residente na Turquia e, assim sendo, deve solicitar o visto na Índia que é o seu actual local de residência. Coisa prática e bastante exequível como se compreende! Se não fosse a nossa europeia configuração facial, diria que esta cena se passava na Coreia do Norte e que o regime acharia que a minha amiga russa era espiã ou emigrante económica que iria colocar no desemprego um zeloso funcionário do Partido. Não tendo os olhos amendoados pergunto como é que ainda há turistas que visitam a Europa? Assim sendo e para honrar a "segurança" e a "integridade" do espaço concentracionário Schengen, serei eu a visitar a minha amiga russa na Índia ou em qualquer outro país fora do bunker. Não posso terminar sem me congratular e dar uns vivas a esta fortaleza europeia que nos protege dos estrangeiros malfeitores e, possivelmente, terroristas. Parafraseando outro "querido" que mil outros espaços Schengen floresçam.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Comunicação visual 3


Agora que se aproxima um tempo insuportável de venda de políticos, sugiro este estilo monumental para quebrar a monotonia e combater a crise. Imaginem a Dona Manuela de sari a rasgar a casta dos banqueiros ou o Doutor Paulo com uns óculos escuros como se vê na imagem, à porta de mais uma deslocalizada multinacional de relógios.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Democracy's Failing Light


Aponto para este pertinente e objectivo ensaio da escritora Arundhati Roy sobre o estado da democracia na Índia. Ler e reflectir.