O que eu queria era deitar-me contigo e, no silêncio do teu corpo magro, cheirar as flores
do deserto.
Ouvir e dar a importância à luz, ao tempo, à lentura
de dias apanhados nos arbustos espinhosos, pousar a água na boca, ir por estrelas
desconhecidas, ouvir a língua branca do lagarto, alguma areia risca os abraços
e percorrer trilhos invisíveis debaixo da escarpa das constelações.
Na noite,
na manhã, pelos dias…
Cheirar as flores do deserto, um oásis perfumado de rios do
corpo, entrei. Gotas brancas marcam o território, a doçura da areia convida à
suspensão do tempo, ao afago.
Afilamentos de dedos conduzem os olhos e a
língua.
Esvai-se o dia e não
sabemos se à noite há caminhos ou, as estrelas, vão brincar sozinhas no
azul disponível.
Cada caminho, um tamanho de caminho e queremos apanhar a
boleia das corças. Há trilhos possíveis no ar saturado de incenso.
Amadurece o
trópico noutros lugares.
Ainda noutros lugares meias vestem a pele, a mão
tropeça no despir. Acrescentamos mar ao pensamento e tanta água por dizer.
Faz-se silêncio de murmúrios e cheiro-te deitado no
miradouro do corpo.