sábado, 27 de dezembro de 2008
Índia Parte I
O filho que veste calça e camisa e estuda computadores,
a mãe que faz os rituais diários e desenha rangolis brancos
na lama da parede da casa, o pai de dhoti não come cebola nem alho, a parabólica maior que o telhado, a televisão sintonizada no canal Star Plus, ao lado uma loja de telecomunicações com facturação automática: std, isd, pco, as cabras que roem
os cartazes cinematográficos das paredes e dormem à sombra dos camiões Tata, os tambores do templo próximo,
o camponês de tanga e sempre se conheceu assim cultiva o arroz acocorado, uma bomba de água a pedal, jovens adolescentes seminuas banham-se no tanque, uma lambreta com altifalante gigante anuncia o filme da noite, um coco descascado na altura fresco e primitivo, papagaios que cruzam em voo verde os cabos telefónicos,
uma central eléctrica que é proibido fotografar, a mercearia que vende tudo, o noticiário das oito e o som dos corvos; turistas indianos com máquina fotográfica russa, os postais do Kamasutra, os búfalos dentro de lama e lótus e o corvo à boleia, garças brancas e primordiais na paisagem pantanosa e lilás, o táxi Embassador que ficou da colonização inglesa, like riquechó?, a pedra esculpida consoante a regra mas com a alma à vista e o som dos corvos.
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FELIZ ANO, com saúde e paz
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