Clara a linha que se traça aqui, em Puri,
entre este Oriente e este Ocidente.
Clara nos reflexos do Sol laranja
no short branco que desce a rua e os olhares
queimam a pele. No Café Harris, bancos corridos
e mesas verdes, exposição de livros na entrada,
desfilam francesas homossexuais amantíssimas,
uma mulher bonita de olhos tristes e gesto assustado,
um puto canadiano que acabou de telefonar à mãe,
vários magríssimos junkies, a que te quer comer
com os olhos e depois com os lábios,
péssimas cópias do trabalho do corpo hindu,
uma atónita família indiana, um casal
espanhol muito zangado com tudo,
várias confusões linguísticas a propósito do café black
ou não, duas ou três quarentonas à procura
da aventura final. Do outro lado da rua
desfilam os turistas indianos devotos de Hanuman.
Desembarcam aos seis de cada vez dos motoriquechós,
enchem o espaço de cor e sons agrestes.
Olhamo-nos mutuamente: o Café Harris
como mostra de produtos do Ocidente,
a porta do templo, o quotidiano deste Oriente.
É clara a linha de demarcação: apenas uma rua estreita,
paralela ao mar. A geografia confirmará
que o Café Harris se encontra do lado ocidental da rua.
domingo, 24 de maio de 2009
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