Uma nação antiga e de profundas convicções; homens temperados pela gesta de dobrar cabos; uma cultura ontológica; um povo iluminado e crente no sexto império; gente que não discute a autoridade nem a pátria; uma intensa cultura de sofrimento, incompetência e insensatez. Apenas com estas condições reunidas é possível voltar a viver o mito, voltar a combater nas areias de Alcáçer FMI-Kibir, voltar a perder tudo e nada, hipotecar futuro na espera. Estava reservado para Portugal este acontecimento raro na história do Mundo e dos homens: repetir o mito. Repetir o único mito decente e com categoria interpretativa de que dispomos. Aguardaremos Sebastião numa manhã clara de Junho (não há dinheiro para a máquina de nevoeiro). À sua espera no cais de Belém, uma comitiva de notáveis perfilados ao longo das palmeiras que serão plantadas no futuro. Embaixadores da Alemanha e da França sentados em cadeiras de praia, saúdam a chegada. Ao longe, porcos carregados de refrigerantes, inquietam-se e fuçam na relva amarela, desgastada e cheia de beatas. Em casa o povo/plasma acompanhará a cerimónia com umas superminis fresquinhas. Portugal está, de novo, no bom caminho!
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Há 2 horas
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