O que eu sugiro é que na próxima manifestação de polícias, o povo empunhe uns paus e vá "manter a ordem" modificando assim, ligeiramente, o slogan de Abril: polícias a correr à frente do povo em vez de polícias ao lado do povo. Cumprir Abril neste caso pelos costados abaixo. Por outro lado compreendo que quem treina várias vezes para "defender a ordem" e não consegue fazer estágios por exemplo no Afeganistão, tenha que fazer o gosto ao bastão aqui mesmo no centro da cidade. É um estágio profissional e tem a vantagem de ser pago. Nesta manif a minha avaliação das forças da ordem é de 17 valores.
sexta-feira, 23 de março de 2012
quarta-feira, 21 de março de 2012
A propósito do dia mundial da poesia
Primavera planetas alinhados, meu filho transa o corpo que não lhe cabe na pele.
Primavera, Sol que bate dentro das tea-shirts e uma testosterona invade as perfumarias.
Na rua, na poesia do dia, as mãos descontrolam-se pelo sexo adentro.
Não é só de agora que o amor urge.
A mudança climática incomoda o planeta e tu.
Está húmido na mente.
Há fungos à solta no bosão de Einstein.
A relatividade geral desnuda a física e os olhos mordem a tanga.
Primavera.
sexta-feira, 2 de março de 2012
Estatísticas
Os velhos morrem. Os velhos morrem o dobro do que costumam
morrer. Os velhos inquietam as estatísticas que serão analisadas por uma
bateria de não-velhos. Os resultados serão publicados daqui a uns meses quando
mais velhos terão morrido fora ou dentro do previsível. Num pais de cravos não
haverá flores nestas valas comuns.
Seis mil flores mal empregadas, dirão, para quem ia morrer de qualquer
maneira. Não há discurso, programa de partido, discussão na Assembleia, feriado
abolido que resista a esta solidão, a esta doença não tratada, a este frio
pelos frágeis ossos acima, a este definhar escondido e envergonhado. É um
número simbólico, murro no estômago de um pais merdoso que é o nosso. É um
número triste que destrói definitivamente qualquer argumento elegante e
pseudo-científico. É um número frio, matematicamente puro, inexorável. É um
número de uma clareza estonteante, um retrato à la minuta do caminho que
percorremos durante décadas. Chegámos aqui, engravatados e europeus, corruptos,
austeros, turistas em Santa Comba. Que nojo!
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