Tenho saudades de
Auroville. Saudades de um território que, há 40 anos era um planalto seco, erodido, escalavrado pela monção, rocha nua sonhando com verde. Esta cidade (não sei se lhe posso chamar assim), este modo novo de vida a pensar num homem igualmente novo nasceu da visão de Sri Aurobindo, pensador e poeta indiano, e de Mirra Alfassa, La Mère, sua discípula. O projecto Auroville – cidade universal em construção, desenvolve-se no Tamil Nadu junto a Pondicherry uma antiga colónia francesa na costa do Coromandel no Sul da Índia, 160 quilómetros a Sul de Chennai.
Diz a Carta de Auroville:
“Auroville quer ser uma cidade universal onde mulheres e homens de todos os países possam viver em paz e progressiva harmonia independentemente da sua crenças, políticas e nacionalidades. O objectivo de Auroville é o de realizar a unidade humana”. Hoje, o território recuperou a floresta tropical antiga graças ao trabalho incansável dos pioneiros que, desde 1968, têm plantado milhões de árvores.
Arquitectura inovadora, políticas de sustentabilidade, invenção de novos materiais, educação sem limites são, entre outras, algumas das actividades que informam e alimentam, desde o início, este projecto. No ano passado passei alguns meses nesta cidade num sítio chamado Sri Ma, junto ao Golfo de Bengala, numa extraordinária casa de um italiano, Daniel, que vive em Auroville há cerca de vinte anos. Esta casa foi atravessada pelo tsunami em 2004. O mar entrou, levou a mobília, os objectos e as roupas, voltou a sair deixando a casa despida. Uma estátua de Vishnu sorvendo o oceano, uma das imagens da mitologia hindu, foi encontrada, de pé, encravada entre os troncos das palmeiras. Daniel desfez-se imediatamente da estátua...pero que las ai, ai!
Fotos site Auroville.org
O "Ayyapa Express" foi nomeado pelo A Nossa Candeia para o Prémio "Este Blog É Viciante".
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