E fazem-se ao caminho por muito tempo. Um grupo segue os cursos de água, outro o perfil das montanhas. Percebem que é uma terra fértil, engordam homens e animais. Há tantas gerações que caminham que talvez tenha chegado o momento de assentar as palavras e os ritos coleccionados. Os xamãs, olhando os astros concordam que o local é propício. Acampam. Invocações prolongadas são feitas ao Sol, à Lua, aos ventos frescos do Norte, às águas poderosas dos rios. Tudo parece conforme com a coisa cósmica. Resolvem ficar. Inventam alfabetos e habitações precárias, fabricam utensílios próprios de gente sedentária. Com os outros habitantes da planície trocam mais intensamente línguas, costumes, invocações, afectos. Fixam em longos e sonoros textos de rigorosa métrica o que sabem do Mundo, o que lhes foi revelado na busca incessante dos caminhos do mito. Através de sacrifícios abrem uma porta de futuro que ainda hoje se não fechou.
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