segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Lisboa

NÃO: Nada de proas homéricas singrando rio acima, batidas de ignotos mares, a fundar a capital do futuro Império-que-foi: mas um homem hirsuto e furtivo, talvez em busca da liberdade, que um dia assomou aqui e, com a mão afeita ao sílex, arredou o espesso canavial a olhar com espanto a serena e virgem expansão das águas, onde o sol se espelhava, quente e glorioso como um deus possessivo.
Ergueu a choça à beira-ria, ao abrigo do juncal, onde convergiam as águas dos abruptos morros e colinas. E constituiu família, pedra angular duma história e dum carácter. Tudo data da entrada em cena desse homem seminu e ungulino.
José Rodrigues Miguéis

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