terça-feira, 29 de setembro de 2009

Cavaco falou?

Foi tão bom o Presidente ter partilhado comigo as suas inquietações. Senti-me tão importante e tão português. E não privilegiou os jornalistas, falou só para mim, povo. Eu povo agradeço e estou disposto a ouvir o que o sr. presidente tem afinal a dizer sobre as escutas, sobre o seu assessor e sobre as graves hipóteses levantadas nestes últimos dias. Pode ser amanhã sr. presidente por causa da campanha em curso? Obrigado, lá estarei em frente do televisor.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Assim sendo

Assim sendo o País vai parar. Vamos cavalgar a epidemia de gripe conjuntamente com a pulverização de lugares na Assembleia da República. Que pena que eu tenho que os pequenos partidos também não tenham ajudado a roubar votos ao PS. A verdadeira democracia seria afinal que cada concorrente ficasse com igual número de lugares. Assim seria o total equilíbrio e a total ingovernabilidade e o PR apareceria então, acolitado pelos pastorinhos de Fátima, com a sua verdadeira aura de salvador da Pátria. O País vai parar porque não será possível obter acordos estratégicos, com interesse nacional, de progresso e de desenvolvimento neste contexto parlamentar. O País vai parar até às eleições intercalares ou este governo durará quatro anos sem que nada aconteça de minimamente relevante para os cidadãos. Vamos hibernar o que tem as suas vantagens na economia de energia e de gordura. Seremos campeões das maratonas parlamentares. Avizinham-se extensos discursos, noites dentro, para a aprovação de leis mínimas. Vegetaremos politicamente mas as televisões serão ultra-criativas no encontro de soluções baratas de entretenimento e de diversão erótico-popular. Ganharemos imensos concursos Guiness, imensos concursos de modelos anoréticos. Exportaremos desfaçatez, petulância, vigarice, futilidade, tias, arrotos e cuspidelas para o chão para equilibrar a balança de pagamentos. Podia ser pior.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Período de reflexão

António queres vir beber um copo ao Bairro? — Não posso estou a reflectir!
Maria Antónia estava a pensar ir até à Expo com os putos queres vir? — Eu bem que gostaria mas estou a reflectir!
Este período de reflexão é essencial à democracia portuguesa. Ele é vê-los cabisbaixos na praia, cabeça apoiada na mão, cabeça fragilizada pelo peso da decisão, num esforço de concentração e contenção próprio de uma democracia madura. Se não fosse este dia de reflexão não duvido que os maiores erros seriam cometidos no acto eleitoral e os resultados seriam completamente diferentes. Imagino os votantes quando colocam a definitiva cruz no seu boletim de voto a dizerem com um ar aliviado para si próprios...ainda bem que eu reflecti. O resultados finais são, como se sabe, o produto deste dia de uma profunda reflexão dos cidadãos que, em comunhão consigo próprios e com o Deus do seu partido apõem uma cruz laica num boletim todo ele carregado de ideologia. Assim e reflectidamente se exercerá o poder democrático do cidadão por quatro longos anos.

Palha

— Pois tá bém de ver...tive que furtar a palha porque o sr. Ministro nã distribuiu os subsídios e coma diz o mê companhêro “Cabe à Justiça e a Deus julgarem o acto". Da parte de Deus estou eu descansado agora da parte da justiça...porrã!
—Se o CDS não subir os impostos não vão descer!
José Manuel Fernandes, Pacheco Pereira e Lobo Xavier num jantar-debate da coligação autárquica PSD/CDS. Sobremesa: "escutas" como o "pior problema da campanha".
Francisco Louçã e Paulo Portas inteiramente preparados para serem Primeiro Ministro.
Jardim grita para Belém sobre a hipotética presença de “comunistas” no Governo.
O assessor de Cavaco mantêm-se em Belém a aviar pastéis.
Manuela Ferreira Leite já ganhou.
Jerónimo quer mais seis deputados.
Santa Luzia me ilumine que eu já não os posso ouvir!

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Acordo Ortográfico


Reparem como o desenho do U sugere infinitas descobertas em recantos ocultos, enquanto o desenho do O é fechado, hermético, frio e sem mistério. Amu-te com U é amor de pele, de cheiro, de descansar no outro corpo enquanto que amo-te com O é lógico, racional, platónico, o contrário da paixão. Vale a pena propôr à Academia que se passe a escrever: amu o Acordo Ortográfico, afinal não é mais do que o que faz o Brasil que escreve como diz.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Afinal Cavaco vota PS

Estávamos todos enganados, eu próprio sugeri ao Sr. que resignasse num anterior post. Não percebo nada de política. Só um visionário genial como Pacheco Pereira intuiu a verdade. Estas várias atitudes da Presidência da República destinaram-se tão só a levar os eleitores a descredibilizar Manuela Ferreira Leite e a votarem PS. É uma manobra de alta política e de fino recorte estratégico. Manuela Ferreira Leite, montou-se nos incidentes e acidentes vários não percebendo que o seu mentor lhe estava a armar uma teia onde ela está todos os dias a cair. Por isso não esqueçam, os votos a mais que o PS obtiver nestas eleições, deve-os ao PR. Assim se cumpre a cooperação institucional. Obrigado sr. Presidente!

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Olho no blogue

Há quem esteja de olho neste blogue. Se o blogue fosse da Manuela, ela diria que a estavam a asfixiar, democraticamente, claro. Eu pelo contrário agradeço os olhares pousados neste Ayyapa que é, por definição, alguém em peregrinação, como tal difícil que lhe ponham a vista em cima. Estas várias indicações, OLHO NESSE BLOG, BLOG VICIANTE e outras afirmam, entre outras coisas, uma partilha e uma vitalidade neste universo blóguico que é muito estimulante. Além de afagarem os egos o que é sempre positivo, desafiam a prosseguir com mais qualidade porque ficamos com a certeza que, afinal, alguém lê. Obrigado. Como compete, aqui vão alguns blogues que merecem o olhar.
Restolhando
Delito de opinião
Puxa palavra
A nossa candeia
Escada de Penrose
Valor das ideias
Der Terrorist

domingo, 20 de setembro de 2009

Américo Cavaco da Silva Tomás

Estou, de novo, com vergonha de ser português. Durante o Estado Novo ter um Presidente que visitava os lugares, repetia as frases das anteriores visitas e falava nos canários, piriquitos digo, de um qualquer Almirante, dava bastante vergonha mas era uma vergonha envergonhada e silenciosa. Responder aos amigos estrangeiros sobre as guerras em África, sobre Nambuangongo, sobre Wiriamu, provocava uma vergonha dolorosa e difíceis explicações sociopolíticas. Agora, desde a eleição de Cavaco Silva que voltei a ter vergonha de ser português e representado por tal figura. O homem não tem estatuto, nem elevação nem cultura para ser o meu representante em nenhum fórum. O homem, ainda por cima, é um "conspirador" que diz que vai averiguar em tempo útil as questões de segurança.
— Ó Lima o que é que temos aí que possa atrasar a situação?
— Só temos uma coisa já velha... aquilo do assessor na mesa errada.
— Pois que seja isso, já que não há mais nada... aquela Manuela só faz disparates em alta velocidade.
O PR perdeu qualquer credibilidade e isenção depois de tudo o que aconteceu e que tem sido noticiado e das suas não-atitudes. O artigo de Emídio Rangel é claríssimo. Sr. Américo Cavaco da Silva Tomás, resigne.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Os inúteis professores votam útil

Temos os nossos filhos entregues a estes utilitários. Os movimentos independentes de professores aconselham o voto útil. "o mais importante é penalizar o PS", dizem. Isto é, se no seu distrito, caro possível professor do meu filho, tiver possibilidade de ganhar o PC, vote PC, se for o Bloco, vote Bloco, se for PSD, vote PSD e assim sucessivamente. O seu pensamento, a sua ideologia, a sua ética política não interessam nada, o que interessa é prejudicar o partido que governa o que os quer avaliar e dar trabalho. Dizem que os professores têm um papel muito importante na sociedade, são os garantes e os transmissores dos valores éticos, morais e culturais desempenhando assim um importante papel na coesão social. Esta lição do mais reles oportunismo e do grau zero da cidadania que nos dá o movimento de professores independentes, é um poderoso indicador de que devemos tirar os nossos filhos da escola.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Providência cautelar

À cautela também acho melhor suspender as eleições. Está tudo a correr tão de feição: Manuela Ferreira Leite arranjou um sorriso esticado e sentido de humor, Sócrates até já fala baixinho e não usa tanto o indicador, Paulo Portas está preparado para ser Primeiro Ministro (não é uma piada esmiuçada), Cavaco Silva, ou melhor, um assessor do PR, faz um discurso tipo Obama branco onde pretende ter piada. Apenas Jerónimo se mantém igual a si próprio e Louçã sempre messiânico acima de sorrisos ou de semblantes carregados. Concordo com a providência cautelar apresentada por uma frente de pequenos partidos que se sentem injustiçados por não poderem comunicar ao povo as suas originais visões estratégicas. Imaginemos que as eleições eram suspensas por um ano e que os políticos continuavam a vestir a pele de assistentes de gatos fedorentos...tirando o mau cheiro, não era extraordinário?

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Não, não queremos

Não, não queremos ser governados por si. A senhora cheira a Câmara Corporativa e a Portugal dos Pequeninos, tresanda a Movimento Nacional Feminino e daria uma excelente madrinha de guerra não duvido. Não, não queremos ser governados por si porque em política não vale tudo, mesmo em campanha eleitoral, diria até, sobretudo em campanha eleitoral. A senhora asfixia a decência quando fala em asfixia democrática, quando se pronuncia sobre o TGV, quando se pronuncia sobre os pobres, sobre as PME, quando compara a liberdade de expressão na Madeira e no Continente. O seu discurso é antigo, bolorento e bafiento, manhoso, já ouvido em RTPês a preto e branco. É o discurso de um pequeno Portugal analfabeto e colonial que não queremos ouvir de novo. Já sabemos onde ele nos conduz. Não, não queremos ser governados por si porque queremos ser sérios, competentes, europeus, modernos, ousados, rebeldes, habitantes deste milénio e deste Mundo.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Étês (eleitores)

Esqueçam as marcas misteriosas no planalto andino, enterrem a caveira de cristal e Indiana Jones, desdenhem dos vários comités UFO no Mundo porque eu tenho uma teoria: os únicos e confirmados seres extra terrestres, habitaram Portugal no século XVI. D. Manuel I, Garcia de Orta, Fernão Mendes Pinto e mais uns poucos, não eram terráqueos muito menos portugueses. Portugueses de gema são por exemplo o Zé que tem um pequeno negócio:
— Quem eu ...fosca-se...facturas? para encher a barriga do Governo...da-se. Agora ao menos parece que isto vai mudar.
Ou a Zézinha que tem uma boutique de Outlet:
— Ó querido se não fosse o meu contabilista eu tinha lá dinheiro para estes sapatos e quanto é que pensas que custa a revisão do Audi...
— Sim, sim claro que sou pela despenalização, assim já posso vender sem ter a bófia sempre a fancos, este Governo é muito repressivo e autoritário, impede a liberdade comercial.
— Se recebi prémio este ano...naturalmente, compreenderá que a actividade bancária é ...sei lá ...eu até a comparava com a dos repórteres de guerra...é muito desgastante.
— O negócio está mau...isto não dá nada...estou asfixiado...veja bem que só conseguiu ir de férias para o México com a família e isso graças a ter ficado com o abaixamento do IVA. Se vou reflectir isso nos clientes...tábemtá. Sim espero que ganhe a senhora claro...estes do Sócrates estão sempre em cima de quem trabalha.
— Eu...não sei se diga afinal o voto é secreto...é PS...sim as minhas amigas também...adoramos a Carolina... o programa? Bem não li mas a minha tia leu e acha o máximo.
— Jerónimo... Jerónimo... Jerónimo... Jerónimo... Jerónimo
Mas o que é que o leva a votar CDU? — Jerónimo... Jerónimo...
— O Programa do Bloco...sim e não vamos lá ver as coisas são como são, ele há alturas em que é preciso tomar uma atitude ou o amigo não acha que a direita está a tomar conta disto?
Esta é uma pequena amostra dos portugueses suaves, os verdadeiros, aqueles que votam acertadamente e elegem outros portugueses verdadeiros, talvez não tão suaves mas genuínos. Gente prosaica que não se mete em aventuras marítimas. O português suave não mete água!

terça-feira, 8 de setembro de 2009

La gauche c'est moi!

Li atentamente a entrevista de Francisco Louça ao Público de hoje, 8 de Agosto. Li e fiquei preocupado com a falta de lucidez e de inteligência política de um homem de esquerda. Simultaneamente surpreendeu-me a coerência e a fidelidade cega e serôdia à linha politica trotskista. A ideia é então partir o PS por dentro, rejeitar o que dele não é esquerda pura e tentar arregimentar, para a sua causa, a esquerda desiludida do socratismo. Bom tópico para um seminário na Zambujeira do Mar, mas fraco como politica eleitoral do concreto e do real português de hoje. Francisco Louça confunde o PS com alguns dos seus quadros dirigentes e esquece que o PS é também e isto não é de todo despiciendo, movimento de massas, fortes dinâmicas de pessoas.
Louça afirma “ a esquerda precisa sobretudo de ter uma força para a maioria. Essa força não é o PS.” ou “ a nossa competição é com o PS e o PSD”. Colocando no mesmo prato PS e PSD Louça continua, como Miguel Vale de Almeida escreveu, na lógica do “quanto mais dificuldades e tensões sociais melhor”, na lógica do aparelho PSR, numa estratégia cega e perigosa face à actual situação politica.
Ainda não perdi a esperança de ouvir Louça dizer numa visita ao Palácio de Queluz: La gauche c’est moi.

sábado, 5 de setembro de 2009

Étês (eleitos)




É uma típica família portuguesa. A mãe, o tio, o filho e dois sobrinhos. É uma família monoparental daquelas que dão aerofagia ao Cavaco: “neste período pré-eleitoral o Presidente da República humm não comenta humm a composição das humm famílias. Os portugueses e as portuguesas sabem humm a minha opinião”. Apesar disto é esta família que vai a votos. A mãe dá recados e, como não podia deixar de ser tem uns cartazes com uma linha gráfica clássica. A mãe não diz ao que vem mas aconselha: “façam politica com as pessoas”, “prometam só o que podem cumprir”, meus filhos, acrescento eu. O tio, igualmente numa linha gráfica clássica, imagem à direita/centro texto à esquerda, plano médio mais busto que outra coisa. O tio afirma que é possível uma vida melhor e é, não tenho dúvida. Ó tio porque é que não se inspira nos cartazes da revolução soviética?
O filho aproxima-se em grande plano e deixa a pairar um conceito abstracto para a masturbação dos urbano-depressivos e das várias Carolinas, “avançar Portugal”, yá, vou pôr no meu próximo rap. O sobrinho dilecto não dá a cara, ele é só script cretino e provocador. Apetece perguntar porque que o P. é mais fascista que o P. O outro sobrinho, mais modernaço apesar de messiânico, grande plano cortado com a banalidade “justiça na economia” quando o slogan adequado seria Justiça Economia. Estes vão ser os eleitos principais. O restante casting está para se ver e ouvir mas pelo andar da carruagem não esperem coisas originais.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Vou deslocalizar-me

Sempre fui contra esta atitude anti-económica mas o período que se avizinha levou-me a tomar, a contragosto, esta penosa decisão. Este blogue que é sobre a Índia vai deslocalizar-se para outro continente. As multinacionais deslocam-se para o cu de Judas, eu vou reiniciar as minhas actividades no cu da Europa, em Portugal. Sei que é um movimento que está ao arrepio de todas as teorias neo-liberais mas ...que fazer? Impensável perder as oportunidades de negócio que se avizinham com a campanha eleitoral em Portugal. Que prado de ideias para textos e para imagens, que manancial tão rico para a crítica e para a pura maledicência. Nem este microblogue poderia perder tal oportunidade. Que me desculpem os meus leitores indianistas mas...vou deslocalizar-me. Prometo que será apenas até que Cavaco anuncie a constituição de um governo indigitado por si próprio ou pelo PS. Depois, regresso à mãe Índia porque isto aqui vai ficar impossível de habitar.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009


A Nossa Candeia agraciou-nos com o selo "O Seu Blog É Viciante"...
Este Prémio "Seu Blog É Viciante", resulta na comunhão de 3 princípios que são um compromisso:
a) Contribuir para divulgar a defesa do ambiente e do equilíbrio do nosso planeta;
b) Contribuir para a consciencialização da necessidade de uma Humanidade mais justa;
c) Melhorar a qualidade deste blogue;
Faz parte das regras relativas a este selo indicar outros dez blogues que o mereçam. Fá-lo-ei posteriormente.
Sou como é evidente, favorável a estas toxicodependências e, critico, as drogas de substituição. Agradeço do coração ao A Nossa Candeia e vou esforçar-me para continuar a produzir material com elevado grau de pureza.