Agora em Gokarna, no Karnataka, para participar no MahaXivaratri que culminou nesta Lua Nova de Fevereiro. Xivaratri é um tempo dedicado ao deus Xiva. Nestes lugares sagrados (tirthas), os cultos, a devoção e o movimento dos crentes intensificam-se neste período. Aqui em Gokarna estão montadas várias estruturas para acolher os peregrinos, nomeadamente uma tenda, instalada na praia que pode servir 5000 refeições simultâneas. No templo de Ganesh (o que remove ou coloca obstáculos, deus com cabeça de elefante, filho de Xiva), existe um lingam (símbolo fálico) que tem uma curiosa história mitológica. Ravana, um temível demónio, entregou o lingam a Ganesh enquanto descansava de uma longa jornada. Ganesh, para proteger o lingam deste demónio, enterrou-o quase totalmente. Ravana fez tanta força para o remover que lhe retorceu a ponta. Assim, em Gokarna, existe o único lingam com a extremidade retorcida, sendo objecto de grande devoção. Sete horas em fila de espera junto ao templo de Maheswara (Xiva) para fazer darshan (visualizar o ícone e nesse curto momento ser igual a Deus); oferecer cocos, bananas, colares de flores, pigmentos; tocar o sino, dizer um ou dois mantras, sorrir. Uma amiga perguntava a outros amigos indianos o que estava previsto em termos de casas de banho para acolher tanta gente. Com um sorriso foi-lhe respondido que as casas de banho já existem. De facto, pela madrugada, é possível observar ao longo da praia uma enorme fila indiana de rabos alinhados junto ao mar. Nas próximas semanas, Gokarna não vai ter bandeira azul! Na tarde seguinte à Lua nova, uma grande manifestação popular acontece: um enorme carro de madeira encimado por uma estrutura semelhante a um templo, é deslocado na rua principal de Gokarna enquanto muitos milhares de pessoas lançam bananas contra a cúpula. Apanhar a mesma banana que se lançou depois de ela tocar o templo, é felicidade garantida. Aqui comem-se banana bans, uma espécie de sonho de banana que recomendo vivamente, acompanhadas de uma suit lassie, semelhante a batido de iogurte. Estas coisas só estão acessíveis nos restaurantes populares por isso, é mesmo preciso perder esta nossa paranóia ocidental da higiene e provar as delícias ocultas.
Obrigado, Celeste Caeiro
Há 2 horas
Para os paranóicos da higiene o deus é Chivas Regal e o templo é o shoping habitual.
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