sábado, 21 de novembro de 2009

Paciência

Contribuição ainda que tardia para o tema da tolerância colocado oportunamente pelo A Nossa Candeia. É uma tradução livre de um excerto do livro Meditation in Action do Mestre Tibetano Chögyam Trungpa.
— ...Quem desenvolve competências para ser paciente, não espera nada de ninguém, não porque não confie mas porque sabe como estar no centro. Assim, para obter o silêncio, não enxota os pássaros que fazem barulho. Para ficar quieto, não para o movimento do ar ou do rio mas aceita-os e, assim, fica consciente do silêncio. Aceita-os como parte do processo para chegar ao silêncio. Portanto, o aspecto mental do ruído dos pássaros afecta a sua psicologia. Por outras palavras o ruído dos pássaros é um dos factores, a nossa concepção psicológica do ruído é outro. Quando se consegue lidar com esse lado, o ruído dos pássaros torna-se silêncio audível. Deste modo não se deve esperar nada do exterior, não se deve tentar mudar a outra pessoa ou as suas opiniões. Não se deve tentar convencer ninguém numa altura não apropriada, quando as opiniões do outro estão fortemente consolidadas, quando as nossas palavras não conseguem penetrar. Como exemplo há o das duas pessoas que caminham ao longo de uma estrada pedregosa. Uma delas diz que seria muito bom se a estrada fosse toda revestida de couro e assim seria fácil a caminhada. A outra, pelo contrário, acha que bastaria proteger os pés com couro para que o efeito fosse o mesmo. Isto é a paciência; não se trata de não ter confiança mas sim de não esperar nada exterior a nós e não tentar mudar a situação fora de nós. Esta é a única maneira de criar paz no Mundo. Se nós próprios estamos dispostos a fazer isso no nosso íntimo então alguém mais o fará e, certamente, mais cem o farão... —

4 comentários:

  1. Obrigado, Fernando... obrigado pelo texto profundamente lúcido e extraordinariamente belo porque verdadeiro :)
    Um abraço

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  2. Agradeço Ana Paula e fico muito contente comigo quando consigo tornar o ruído dos pássaros num silêncio audível. Um abraço.

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  3. E tornou... tão audível que vai ter eco no Leituras Cruzadas do A Nossa Candeia.
    Um abraço.

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  4. Obrigada por relembrar que os ruídos fazem parte e ainda ajudam a aprofundar. Só precisamos saber integrá-los.

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